Mitos e boatos sobre o leite fizeram muita gente abandonar o alimento por achar que ele faz mal. Veja algumas bobagens que você precisa parar de acreditar! Consumo de leite Uma alimentação variada é uma das mais antigas recomendações nutricionais, pois favorece o consumo de alimentos de diversos grupos alimentares, permitindo que a ingestão de nutrientes essenciais para a saúde aconteçam nas proporções corretas, sem a necessidade grandes esforços. O leite e seus derivados formam um grupo que merece atenção, pois são alimentos de grande valor nutricional, fontes de proteína de alto valor biológico e rico em vitaminas e minerais. Perfil nutricional O leite de vaca possui em média 87% de água e 13% de componentes sólidos, divididos em: Carboidratos: 4 a 5% Proteínas: 3% Lipídios: 3 a 4% Vitaminas e minerais: 0,8% e 0,1% Mesmo diante de todas essas informações, ainda há muitas pessoas que afirmam que o leite não deve ser consumido – na maioria das vezes, baseadas em boatos sobre o alimento. A gente separou alguns desses mitos para mostrar como eles não são verdadeiros. Se liga:
Mito 1 – O Cálcio do leite não é absorvido Há quem diga que o Cálcio do leite não é biodisponível. Porém, o consumo deste alimento é recomendado principalmente para que se atinja a ingestão diária recomendada de Cálcio, por diversos profissionais da saúde e documentos oficiais, como a pirâmide alimentar. “Para indivíduos saudáveis que necessitam de 2000 kcal/dia, de acordo com a Pirâmide Alimentar adaptada à população brasileira, recomenda-se o consumo diário de três porções de lácteos como forma de contribuir para que sejam atingidas as recomendações diárias de cálcio e proteínas para a manutenção da saúde. Um copo de leite (200 mL) corresponde a uma dessas porções”, afirma o documento da SBAN. Esta recomendação é para indivíduos saudáveis, com necessidade diária de 2.000 calorias. Seus valores diários podem ser maiores ou menores, dependendo de suas necessidades nutricionais. Vale lembrar que este mineral é importante para a formação e manutenção da saúde da estrutura óssea, bem como diversas outras funções, como contração muscular, coagulação sanguínea, etc. Um estudo realizado em 2006 também mostrou que as maiores fontes e com melhor absorção, são os laticínios bovinos. Outros alimentos apresentam concentrações elevadas de Cálcio, mas com biodisponibilidade variável. A alta quantidade de Cálcio presente em alguns alimentos não indica que este tem uma alta biodisponibilidade. Por exemplo, comparando o Brócolis e o leite integral – para eu substituir a quantidade de cálcio existente em 240g de leite, uma pessoa deveria consumir 321g de brócolis ou 1605g de feijão vermelho ou 275,1 g de couve ou 1375,7g de espinafre ou 41,7g de queijo cheddar ou 30g de queijo branco. Com estes dados, é possível dizer que os laticínios são sim boa fonte de Cálcio. É claro que estes alimentos, bem como outros alimentos ricos em Cálcio, como vegetais de verde escuro e frutas secas, podem e devem fazer parte da sua alimentação, para complementar a quantidade de Cálcio que você precisa ou como substituto do leite se por algum motivo a pessoa não pode ou não quer consumir leite e derivados. É possível sim conseguir a quantidade recomendada de Cálcio com outros alimentos (não laticínios), só queríamos mostrar que o leite, ao contrário, do que muitos dizem, é sim uma boa fonte do mineral. “O leite é considerado o principal alimento fonte de cálcio para a nutrição humana” (FAO, 2013).
Mito 2 – Contém formol em sua composição É bem verdade que nos anos de 2014, 2015 e 2016, operações da Polícia Federal e do Ministério Público encontraram amostras de leite com formol (e outras substâncias), chegando até a proibir a venda de algumas marcas. No entanto, esta prática, que visa reutilizar alimentos vencidos no mercado, é criminosa e proibida. Não é, obviamente, o padrão do leite vendido no mercado brasileiro. Até porque, atualmente a produção das grandes empresas passa por um processo moderno que garante sua validade a longo prazo. Se até alguns anos atrás todo leite era pasteurizado – aquele submetido à tratamento térmico, que consiste no aquecimento do alimento a temperaturas entre 72°C e 75°C, por cerca 15 a 20 segundos, e em seguida à refrigeração a 2°C e 5°C, sendo envasado em seguida -, que garantia a validade do produto por alguns poucos dias, hoje há outros métodos. Trata-se do leite esterilizado, que é aquecido a 70°C em fluxo contínuo, embalado e em seguida esterilizado na própria embalagem à temperaturas entre 109°C e 120°C, por cerca de 30 minutos, para logo depois ser resfriado a 20°C. Esse tratamento, conhecido como UHT (Ultra High Temperature) garante a eliminação de todos os microorganismos e sua validade por muito mais tempo. A única substância acrescentada ao leite nesse processo é o estabilizante citrato de sódio, um composto orgânico já presente na composição do leite natural, que garante a estabilidade das proteínas durante o processo de ultrapasteurização. Deve-se ressaltar que estabilizantes não têm função de conservantes, portanto, o leite UHT não contém conservantes. Leites contaminados com formol são uma fraude. A substância não faz parte do leite de boa qualidade comprado na maioria dos mercados.
Mito 3 – Deve ser evitado por adultos O leite é um alimento com excelente valor nutricional, já que é fonte de proteína de alto valor biológico e rico em vitaminas e minerais. Não há evidências científicas que comprovem que o leite de vaca faz mal e não deve ser consumido por adultos. O consumo de leite só deve ser evitado ou interrompido se a pessoa tiver intolerância, alergias ou outras condições físicas e imunológica. Intolerância X alergia A intolerância à lactose é o nome que se dá à incapacidade parcial ou completa de digerir o açúcar existente no leite e seus derivados – a lactose. O organismo possui uma enzima digestiva chamada lactase que é responsável por quebrar a lactose. Quando o organismo não produz ou produz em quantidade insuficiente esta enzima, a pessoa pode ter problemas ao consumir lactose, pois essa substância chega ao intestino grosso inalterada, se acumula e é fermentada por bactérias, resultando na formação de gases que podem provocar dores abdominais e/ou outros sintomas, como diarreia, náusea, flatulência e inchaço. A quantidade de lactose que irá causar sintomas varia de indivíduo para indivíduo, de acordo com a forma como a lactose é consumida e do grau da deficiência da enzima lactase, principalmente. Ainda há indivíduos que absorvem mal a lactose, estes costumam apresentar os sintomas quando ingerem o leite puro e em grandes quantidades. No entanto, quando sua ingestão é feita com outros alimentos, os sintomas costumam ser amenizados. Isso acontece porque os laticínios como queijos (com exceção dos frescos), apresentam apenas traços de lactose. O iogurte também costuma ser mais bem tolerado por maus absorvedores de lactose, pois parte da lactose é fermentada, o que resulta em uma diminuição da sua presença. Pessoas intolerantes à lactose devem procurar orientação médica ou nutricional para saber o seu grau de deficiência de lactase e o melhor tratamento – se deve evitar alguns alimentos, não consumir produtos lácteos e saber fazer certas substituições ou se ainda podem utilizar a enzima lactase existente no mercado em forma de pó ou comprimido/cápsula. Esta enzima pode ser consumida antes de consumir algum alimento com lactose ou pode ser adicionada ao alimento. As pessoas estão se auto diagnosticando como intolerantes à lactose ou ainda deixando de consumir leite por achar que a lactose não faz bem, o que não é verdade. O Conselho Regional de Nutricionistas (CRN-3), diz que a recomendação indiscriminada para a restrição ao consumo de leite e derivados não encontra, atualmente, respaldo científico com nível de evidência convincente. Afirma, também, que a restrição ao consumo de leite e derivados somente deve ser feita aos indivíduos com diagnóstico clínico confirmado de intolerância à lactose, sensibilidade à proteína do leite (alergia à proteína do leite de vaca – APLV) ou de outras condições fisiológicas e imunológicas. Já a alergia à proteína do leite de vaca é uma reação imunológica adversa, que se manifesta após a ingestão de uma porção (ainda que mínima), de leite ou derivados, podendo provocar alergias na pele, reações respiratórias e diferentes graus de injúria no intestino (constipação crônica, dores abdominais e/ou diarreias), além de náuseas e vômitos. Neste caso, não pode haver ingestão da proteína do leite. É claro que ninguém é obrigado a consumir leite de vaca. Questões éticas e morais relativas à criação de vacas leiteiras, por exemplo, são argumentos totalmente aceitáveis para a interrupção do consumo e busca por alternativas. É possível, claro, ser saudável sem consumir este alimento. O ponto é que muitas pessoas deixam de consumir o produto baseado em informações falsas, boatos e falta de conhecimento. E, como é um bom alimento, não deve ser colocado como vilão da saúde – papel que definitivamente não lhe cabe. |